O aumento das fraudes corporativas tem aquecido o mercado de consultoria e auditoria, obrigando as empresas a repensarem e reestruturarem a área de riscos para atender a demanda que é global. Para Luiz Cláudio Fontes, sócio do escritório da RSM Brasil em São Paulo, assumir riscos faz parte de qualquer negócio, podendo ser até uma oportunidade, num ambiente competitivo como o que vivemos hoje. Entretanto, o que as empresas devem estar conscientes é que esses riscos devem ser monitorados. “A melhor forma de prevenção começa com uma análise aprofundada dos riscos da empresa”, explica.

Segundo Fontes, na conjuntura atual, dificilmente se encontra uma empresa sem riscos, mas o importante é conhecê-los e saber quais devem ser atacados. Quanto ao aumento das fraudes corporativas, o sócio da RSM Brasil diz que as novas metodologias também contribuem para a identificação de casos, que no passado não eram possíveis.

O diretor regional da RSM na América Latina, Brendan Quirk, chama a atenção para o fato de que cada país tem regras diferentes para tratar da corrupção e fraudes nas empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o FCPA - Foreign Corruption Practice Act, foi promulgado em 1977 com o propósito específico de criminalizar a prática por companhias norte-americanas, ou seus representantes, de suborno de oficiais públicos estrangeiros. Apesar das inúmeras emendas que enfraqueceram a lei por anos, o FCPA foi e continua sendo um marco na promoção da luta anticorrupção em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, informa Quirk, as pessoas são estimuladas a fazer denúncias. Os delatores, inclusive, podem ser recompensados com um porcentual da autuação.

Edwin Ríos, diretor da Área de Riscos da RSM Panamá, salienta que os entornos organizacionais evoluíram na última década e as empresas tiveram que  se adaptar a importantes mudanças relacionadas à globalização, assim como à complexidade dos mercados, tecnologias e novas regulamentações. Esta situação gerou, como principais consequências, maiores expectativas de vigilância e supervisão, por parte dos responsáveis pela Governança Corporativa, nas empresas sobre a administração integral de seus riscos, principalmente aqueles relacionados com a corrupção, fraude e lavagem de dinheiro. “Na atualidade, os acionistas e empresários baseiam suas expectativas e estratégias de vigilância não somente na preservação de seus negócios para minimizar possíveis perdas, mas também na criação de valor para otimizar oportunidades que lhes permita entrar em novos mercados para serem competitivos e sustentáveis através do tempo, agregando valor a seus negócios e gerando maiores retornos aos interessados-chave”, justifica Ríos.

Segundo o diretor da Área de Riscos da RSM Panamá, os Serviços de Administração de Riscos (RAS) devem centrar-se na avaliação da sinergia dos processos de governança corporativa, gestão de riscos e controle interno, com o objetivo de fortalecer a estrutura e o funcionamento das linhas de defesa nas empresas. “As linhas de defesa são estruturas de controle e vigilância implantadas pelas organizações para prevenir ou detectar riscos que podem ter impacto no alcance dos objetivos estratégicos, operacionais, de informação financeira e de cumprimento de leis ou regulamentações”, destaca Ríos. 

Já no México, não há uma lei que obrigue as empresas a medir os riscos inerentes a ela. O diretor da RSM Bogarin em Mérida, no México, Isaias Marrufo Góngora, informa que o entendimento e ações relacionados aos riscos corporativos naquele país estão alinhados com o crescimento da empresa, com o volume de suas operações e, por consequência, com o crescimento da possibilidade latente da ocorrência de um risco e o impacto que este geraria. No México existem aproximadamente 5 milhões de empresas, 99,5% delas são micro e pequenas, 0,5% são médias e grandes.

 

Integração da área de riscos

Com o objetivo de montar um bloco latino-americano de base, a RSM International, que é a sétima maior consultoria e auditoria do mundo, com 734 escritórios em 111 países, reuniu durante dois dias, em Curitiba, diretores e sócios de suas empresas membros na América Latina. Participaram do evento 17 executivos representantes dos escritórios da RSM da Argentina, Panamá, Peru, Uruguai, Estados Unidos, Venezuela, México e Brasil.

Segundo Lilian Lambert, diretora da Área de Riscos da RSM, a integração do trabalho na área de riscos nestes países demonstrará maior força da empresa como grupo, abordando o mercado de forma menos localizada, oferecendo os serviços já reconhecidos mundialmente, porém até então pouco explorados nos respectivos mercados locais. Internamente, Lilian destaca a oportunidade de uma troca de experiência mais frequente e efetiva entre seus membros, uma vez que ficou estabelecida a programação de encontros trimestrais pela América Latina, além da difusão de uma metodologia que permita que seus membros atuem, utilizando as metodologias conhecidas pelo grupo. Até então, cada empresa membro abordava o assunto de uma forma diferente. A partir deste encontro, os participantes de cada um dos oito países latino americanos, passarão a atuar de forma semelhante, já que a RSM é uma firma de networking global.